terça-feira, 31 de março de 2009

QUESTÕES da ESAF


Olá a todos!

Sim, sim, sim! Hoje vamos analisar algumas questões desta famigerada organizadora: ESAF.

Analisemos estas 4 questões.

1. (MTE - Auditor Fiscal - ESAF/2006) Os trechos a seguir constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro de concordância.

a) As riquezas geradas eram, de fato, imensas e as condições de vida nas cidades costumavam ser horríveis. Para se ter idéia, alguns recenseamentos ingleses, da década de 1840, relatam que o homem do campo vivia, em média, 50 anos e o da cidade, 30 anos.
b) Talvez esses números sejam indicadores da dramaticidade das modificações ocasionadas, na vida de milhões de seres humanos, pela Revolução Industrial.
c) Essa dramaticidade que, muitas vezes, nos escapa, mas que podemos entrever, como nos informa Hobsbawm, se levarmos em conta que era comum, nas primeiras décadas dos oitocentos, encontrar trabalhadores citadinos vivendo de forma que seria absolutamente irreconhecível para seus avós ou mesmo para seus pais.
d) A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas nas cidades, fazem com que, nas palavras de Hobsbawm, “nada se tornasse mais inevitável” do que o aparecimento dos movimentos operários.
e) Aqueles trabalhadores, que viviam em condições insuportáveis, não tinham quaisquer recursos legais, somente alguns rudimentos de proteção pública.
(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo - http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/ Historico)

COMENTÁRIOS

Primeiramente, é importante saber o que se pede na questão. Isto é, limitar nossa análise. Como ela quer um erro de CONCORDÂNCIA, então vamos atentar somente para isso! Se o erro está relacionado à falta de concordância entre um substantivo e um adjetivo ( e outras palavras que concordam com o substantivo) ou à falta de concordância entre um verbo e um sujeito, respectivamente concordância nominal e verbal. Porque a banca quer, nesse caso, um erro de concordância. Logo, só pode ser CONCORDÂNCIA NOMINAL ou VERBAL.
Esse é o primeiro e grande passo, porque, em muitas vezes, o candidato, ao ler os itens, acha que uma vírgula está "estranha" ou a regência de tal palavra está errada etc. e, com isso, desloca o propósito para aspectos irrelevantes para a exata resolução da questão.

ANÁLISE DA ALTERNATIVA A.

Vamos observar todos os verbos.

"As riquezas geradas eram, de fato, imensas e as condições de vida nas cidades costumavam ser horríveis. Para se ter idéia, alguns recenseamentos ingleses, da década de 1840, relatam que o homem do campo vivia, em média, 50 anos e o da cidade, 30 anos".

Fazendo a correspondência entre verbo e sujeito:

ERAM - AS RIQUEZAS GERADAS
COSTUMAVAM SER - AS CONDIÇÕES DE VIDA NAS CIDADES
RELATAM - ALGUNS RECENSEAMENTOS INGLESES
VIVIA - O HOMEM DO CAMPO E O DA CIDADE (VIVIA)
Com isso, percebemos que não há nenhum erro quanto à concordância verbal. Se analisarmos a concordância nominal, observaremos que também está correta. Item correto.

ANÁLISE DA ALTERNATIVA B

"Talvez esses números sejam indicadores da dramaticidade das modificações ocasionadas, na vida de milhões de seres humanos, pela Revolução Industrial".

SEJAM - ESSES NÚMEROS
Nenhum problema. Item correto.

ANÁLISE DA ALTERNATIVA C

"Essa dramaticidade que, muitas vezes, nos escapa, mas que podemos entrever, como nos informa Hobsbawm, se levarmos em conta que era comum, nas primeiras décadas dos oitocentos, encontrar trabalhadores citadinos vivendo de forma que seria absolutamente irreconhecível para seus avós ou mesmo para seus pais".

ESCAPA - ESSA DRAMATICIDADE
PODEMOS ENTREVER - NÓS (DESINENCIAL)
INFORMA - HOBSBAWM
LEVARMOS - NÓS (DESINENCIAL)
ERA (COMUM) - faz-se a pergunta: O QUE "ERA COMUM"? A resposta será o SUJEITO = ENCONTRAR TRABALHADORES CITADINOS...
VIVENDO - TRABALHADORES CITADINOS
SERIA - QUE (= FORMA)
Está aí, todos os sujeitos foram encontrados. Item correto.

ANÁLISE DA ALTERNATIVA D

"A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas nas cidades, fazem com que, nas palavras de Hobsbawm, “nada se tornasse mais inevitável” do que o aparecimento dos movimentos operários".

ORIGINOU - QUE (= A FRAGMENTAÇÃO DAS SOCIEDADES CAMPESINAS TRADICIONAIS)
FAZEM - Pergunta-se ao verbo FAZER: quem FAZ? Resposta = A FRAGMENTAÇÃO DAS SOCIEDADES CAMPESINAS TRADICIONAIS. Ou seja, há aí um erro, portanto, de CONCORDÂNCIA VERBAL, porque o verbo FAZER está no plural quando deveria estar no singular para concordar com o seu sujeito A FRAGMENTAÇÃO...
Isto é, A FRAGMENTAÇÃO DAS SOCIEDADES...FAZ COM QUE...
Item INCORRETO.

ANÁLISE DA ALTERNATIVA E

"Aqueles trabalhadores, que viviam em condições insuportáveis, não tinham quaisquer recursos legais, somente alguns rudimentos de proteção pública".

VIVIAM - QUE (= AQUELES TRABALHADORES)
TINHAM - AQUELES TRABALHADORES
Item correto.

2. (ANALISTA DE FIANÇAS E CONTROLE - ESAF/2006) Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e assinale a opção correta.

( ) Seu existencialismo, assentado no postulado filosófico de que “a existência precede a essência”, naturalmente era de compreensão restrita.
( ) Sartre foi do existencialismo ao maoísmo e arrastou, com ele, as mentes mais agudas e os corações mais sensíveis.
( ) Pôs-se assim, ele, o grande libertário, a serviço de um dos grandes tiranos do século XX.
( ) Entretanto, o filósofo entregou-se ao maoísmo na última etapa da vida. Coerente, sempre, em viver cada opção doutrinária, foi vender na rua jornal afinado com o novo credo.
( ) Mas, pela rama, dava para entender que, se a vida era absurda, melhor era curti-la, e assim todo mundo queria ser existencialista.(Roberto Pompeu Toledo, Revista Veja, 6/04/2005, p. 142)

a) 5º, 1º, 2º, 3º, 4º
b) 4º, 3º, 5º, 1º, 2º
c) 1º, 5º, 3º, 2º, 4º
d) 3º, 4º, 2º, 5º, 1º
e) 2º, 1º, 5º, 4º, 3º

COMENTÁRIOS

Questões dessa espécie é certo em qualquer prova da ESAF. Não adianta, amigo (a), sempre aparece uma questão dessa natureza. A banca quer saber se o candidato tem habilidade linguística em organizar um texto seguindo aspectos de coesão e coerência.
Agora, preste atenção: não é oportuno nem um tanto conveniente você ler item por item. Primeiro: a questão é extensa! Você vai querer perder tempo? Não. Então...façamos isto:
leia somente as primeiras palavras de cada item.

FRASE-CHAVE: resolva por eliminação.

Por exemplo:

O primeiro parêntese começa com SEU EXISTENCIALISMO...

Ora, SEU se refere a alguém! Mas quem?! Nesse caso, o autor do texto já está falando de alguém! E nós, sendo leitores, não sabemos de quem se trata. Ou seja, erro textual. Teria de haver um contexto para saber a quem o autor se refere. Logo, é impossível esse item iniciar algum texto. CONCLUSÃO: ELIMINA-SE A ALTERNATIVA C.

O segundo parêntese já tem propriedade para iniciar qualquer texto.
CONCLUSÃO: DEIXEMOS EM "STAND BY" (como já dizem por aí...)

O terceiro parêntese começa com PÔS-SE, ASSIM, ELE, O GRANDE LIBERTÁRIO, ...

Calma aí! Temos "ASSIM", que neste caso, funciona como um modalizador discursivo pelo qual o autor do texto já menciona concluir certo pensamento. Porém, para isso, teria que haver um contexto, é claro. O que no caso não acontece. Só isso já eliminaria a possibilidade de esse parêntese iniciar o texto. Há, contudo, o pronome "ELE" que vem corroborar com nossa afirmação. Ora, "ELE" quem?! Ah, professor, ele é o GRANDE LIBERTÁRIO...Mas, amigos, quem o GRANDE LIBERTÁRIO é "ELE"...E "ELE" é quem no jogo do bicho?!
CONCLUSÃO: PELAS OPÇÕES, O QUE NOS RESTA É ESPERAR UM POUCO.

O quarto parêntese começa com ENTRETANTO, O FILÓSOFO...

Ora, ENTRETANTO, nesse ambiente, introduz a idéia de concessão, isto é, APESAR DE TUDO, MESMO ASSIM. E se você vai contrariar algo, teria de deixar claro a que é contrário, o que, na opção, não fica evidente. Logo, seria erro textual começar um texto por esse parêntese.
CONCLUSÃO: ELIMINA-SE A ALTERNATIVA B

O quinto e último parêntese começa com MAS...

"MAS" aí equivale simplesmente a ENTRETANTO ou NO ENTANTO ou TODAVIA ( e seus irmãozinhos sinônimos). Logo, introduz também idéia contrária. Se é contrária, é contrária a alguma coisa; pede-se, sendo assim, todo um contexto.
CONCLUSÃO: ELIMINA-SE A ALTERNATIVA D

Ficamos, portanto, entre a letra A e E. Agora, sim, fica mais fácil. A correta é a letra E.
Veja o texto na íntegra.
1º Sartre foi do existencialismo ao maoísmo e arrastou, com ele, as mentes mais agudas e os corações mais sensíveis.
2º Seu existencialismo, assentado no postulado filosófico de que "a existência precede a essência", naturalmente era de compreensão restrita.
3º Mas, pela rama, dava para entender que, se a vida é absurda, melhor é curti-la, e assim todo mundo queria ser existencialista.
4º Entretanto o filósofo entregou-se ao maoísmo na última etapa da vida. Coerente, sempre, em viver cada opção doutrinária, foi vender na rua jornal afinado com o novo credo.
5º Pôs-se assim, ele, o grande libertário, a serviço de um dos grandes tiranos do século XX.

Senhores, será dessa forma que resolveremos as questões de ordenação de parágrafos na ESAF.

Vejamos outra (só para fixar!):

3. (ESAF/2006) Os trechos a seguir constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e assinale a resposta correta.

( ) Essa meta, alcançada 53 anos depois, começou a ganhar contornos de realidade nos anos 80, quando a empresa atingiu a produção de 500 mil barris/dia.
( ) Criada pelo decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, em 3 de outubro de 1953, a Petrobras já nasceu com a missão de alcançar a auto-suficiênciana produção brasileira de petróleo.
( ) Entretanto, foi no início da década de 70 que começou a ser delineada a estratégia que resultaria nas primeiras conquistas da empresa. Na época, o país crescia a taxas de 10% ao ano, o que contribuiu para que, naquela década, o consumo de derivados duplicasse.
( ) Porém, foi depois do alinhamento de preços dos combustíveis às cotações internacionais que a empresa conseguiu maior acesso ao mercado de capitais internacional. Com isso, obteve os recursos para financiar os investimentos necessários que resultaram na auto-suficiência.
( ) Assim, ao longo das últimas cinco décadas, diante do nacionalismo que cerca o petróleo no Brasil, os interesses da Petrobras confundiram-se com os do país.(Jornal do Brasil, 23/04/2006)

a) 2º, 1º, 3º, 5º, 4º
b) 1º, 2º, 3º, 4º, 5º
c) 3º, 1º, 4º, 2º, 5º
d) 4º, 5º, 1º, 3º, 2º
e) 5º, 3º, 2º, 1º, 4º

Nossa...que trabalho pela frente, heim?! Façamos isto: leiamos somente as primeiras linhas de cada item.

COMENTÁRIOS

PARÊNTESE 1 = ESSA META...

Que meta?! Se ele começou com um pronome, é porque o autor já havia mencionado anteriormente sobre ALGUMA META. Logo, esse parêntese jamais poderia iniciar um texto.
CONCLUSÃO: ELIMINA-SE A LETRA B

PARÊNTESE 2 = CRIADA PELO DECRETO...A PETROBRAS...

É plenamente possível esse item iniciar um texto.
CONCLUSÃO: DEIXEMOS EM "STAND BY".

PARÊNTESE 3 = ENTRETANTO, FOI...

"Entretanto" exprime idéia contrária. Se é contrário, é contrário a algo. Somente, então, só o contexto poderia nos informar a que se refere a contraposição de argumento. Logo, não poderia jamais iniciar um texto.
CONCLUSÃO: ELIMINA-SE A LETRA D

PARÊNTESE 4 = PORÉM, FOI DEPOIS...

Novamente temos uma palavra de significação contrária. Assim, como ENTRETANTO, não poderíamos iniciar um texto com essa palavra, simplesmente porque é necessário todo um contexto para que haja coesão certa.
CONCLUSÃO: ELIMINA-SE A LETRA E

PARÊNTESE 5 = ASSIM, AO LONGO...

Inexiste a possibilidade de esse parêntese iniciar um texto. Pois, ASSIM é um modalizador discursivo pelo qual se utiliza o autor para CONCLUIR algum argumento anterior. Logo, precisa de um contexto.
CONCLUSÃO: NÃO HÁ ALTERNATIVA QUE POSSA INICIAR.

Alternativas eliminadas: B - D - E. Sobraram as A e C.

O item correto é C.

4. (BACEN - ESAF/2001) Assinale a opção em que o trecho foi transcrito com erro de concordância verbal.

a) Antes da criação do Banco Central, as autoridades monetárias brasileiras eram a Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC, o Banco do Brasil - BB e o Tesouro Nacional que, em conjunto, exerciam funções típicas de um banco central, paralelamente ao desempenho de suas atribuições próprias.

b) A SUMOC, criada com a finalidade de exercer o controle monetário e preparar a organização de um banco central, fixava os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos, as taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os juros sobre depósitos bancários.

c) Além de receberem os depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais, o Banco do Brasil, por sua vez, desempenhava as funções de controlador das operações de comércio exterior, executor de operações cambiais em nome de empresas públicas e do Tesouro Nacional, executor das normas estabelecidas pela SUMOC e pelo Banco de Crédito Agrícola, Comercial e Industrial.

d) O Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda, cujo processamento, por ser complexo, acabava envolvendo diversos órgãos do governo. No ato da criação do Banco Central, no entanto, não ocorreu o seu completo aprimoramento institucional.

e) Embora o Tesouro Nacional fosse o banco emissor, realizava as emissões em função das necessidades do Banco do Brasil e não detinha com exclusividade os depósitos das instituições financeiras, que recolhiam suas reservas voluntárias ao Banco do Brasil, além de diversas outras disfunções.
(Trechos adaptados de http://www.bcb.gov.br – Histórico)

COMENTÁRIOS

Já que a questão quer erro de CONCORDÂNCIA VERBAL, tudo fica mais fácil. Porque, pelo menos, temos uma direção certa a seguir. Vamos nos preocupar somente com a concordância entre VERBO E SUJEITO e vice-versa. Achamos o verbo e, em seguida, seu sujeito.

LETRA A

"Antes da criação do Banco Central, as autoridade monetárias brasileiras eram a Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC, o Banco do Brasil - BB e o Tesouro Nacional que, em conjunto, exerciam funções típicas de um banco central, paralelamente ao desempenho de suas atribuições próprias".

Fazendo a correspondência entre VERBO e SUJEITO:

ERAM - AS AUTORIDADES BRASILEIRAS MONETÁRIAS
EXERCIAM - QUE (= a Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC, o Banco do Brasil - BB e o Tesouro Nacional)
CONCLUSÃO: NENHUM ERRO.

LETRA B

"A SUMOC, criada com a finalidade de exercer o controle monetário e preparar a organização deum banco central, fixava os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos, as taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os juros sobre depósitos bancários".

FIXAVA - A SUMOC
CONCLUSÃO: NENHUM ERRO.

LETRA C

"Além de receberem os depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais, o Banco do Brasil, por sua vez, desempenhava as funções de controlador das operações de comércio exterior, executor de operações cambiais em nome de empresas públicas e do Tesouro Nacional, executor das normas estabelecidas pela SUMOC e pelo Banco de Crédito Agrícola, Comercial e Industrial".

PERCEBEREM - O BANCO DO BRASIL.
OPA!
Faz-se a pergunta: QUEM RECEBEU os depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais?
REPOSTA: O BANCO DO BRASIL. Ora, então ele é o sujeito. E se está no singular, o verbo RECEBER deveria estar também no singular. Logo, houve um erro de CONCORDÂNCIA VERBAL.
CONCLUSÃO: É ESTE O ITEM A MARCAR.

LETRA D

"O Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda, cujo processamento, por ser complexo, acabava envolvendo diversos órgãos do governo. No ato da criação do Banco Central, no entanto, não ocorreu o seu completo aprimoramento institucional".

ERA - O TESOURO NACIONAL
ACABAVA ENVOLVENDO - PROCESSAMENTO
OCORREU - SEU CORRETO APRIMORAMENTO INSTITUCIONAL
CONCLUSÃO: NENHUM ERRO.

LETRA E

"Embora o Tesouro Nacional fosse o banco emissor, realizava as emissões em função das necessidades do Banco do Brasil e não detinha com exclusividade os depósitos das instituições financeiras, que recolhiam suas reservas voluntárias ao Banco do Brasil, além de diversas outras disfunções".

FOSSE - O TESOURO NACIONAL
REALIZAVA - O TESOURO NACIONAL
DETINHA - O TESOURO NACIONAL
RECOLHIAM - OS DEPÓSITOS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
CONCLUSÃO: NENHUM ERRO.

Então, senhores, por enquanto é só.
Espero que tenham compreendido a explicação.
E aguardemos as próximas resoluções!

Abraço a todos.

Prof. Hugo Magalhães.

terça-feira, 24 de março de 2009

É ADJUNTO ADNOMINAL ou COMPLEMENTO NOMINAL ?






Sim, sim, amigos!

Primeiramente, bem-vindos ao nosso querido Blog!

Hoje temos um assunto muito polêmico pela frente: saber diferenciar Adjunto Adnominal (AA) de Complemento Nominal (CN).

É verdade que são muitas as dicas, os "bizus" para distinguir quem é quem no jogo do bicho. Ou seja, basta saber "os macetes" que é tiro e queda!

Nesses momentos é necessário calma.

Porém, de início, não faremos nenhum suspense: vamos ao que interessa.

1. A DIFERENÇA SEGUNDO O QUE É ENSINADO:

Adjunto Adnominal é qualquer palavra da língua portuguesa que concorda em gênero e número com o substantivo; ou grupo de palavras (locução) que se refere a ele.

Dentre as 10 classes de palavras que a GT nos oferece, 4 referem-se ao substantivo. São elas:

ARTIGO

ADJETIVO / LOCUÇÃO ADJETIVA

NUMERAL

PRONOME

Logo, essas "classes" podem funcionar como AA.

Ex1: Todos os meus grandes amigos visitaram uma bela e pacata cidade de litoral.

Para identificar os AAs, basta, a princípio, achar o substantivo e perceber as palavras que a ele se ligam ou com ele concordam.

Todos (AA) os (AA) meus (AA) grandes (AA) AMIGOS visitaram uma (AA) bela (AA) e pacata (AA) CIDADE de litoral (AA).

DE LITORAL é chamada LOCUÇÃO ADJETIVA, isto é, grupo de palavras que funciona como um adjetivo. Tal locução é de natureza caracterizadora, restritiva tal qual um adjetivo. Coincidentemente, podemos até fazer uma correspondência DE LITORAL = LITORÂNEA. Logo, AA também.

Observemos agora estes exemplos:

a) A garota estava irritada.

b) A garota irritada desceu as escadas.

c) A notícia deixou a garota irritada.

Nos três exemplos o adjetivo IRRITADA se refere ao substantivo GAROTA. Contudo, trata-se de AA? No primeiro caso, temos PREDICATIVO DO SUJEITO. Já no segundo, ADJUNTO ADNOMINAL. E no terceiro, PREDICATIVO DO OBJETO (vide TRANSITIVIDADE VERBAL)

Pois bem!

Vejamos mais exemplos sobre AA:

a) Olha aquelas pequenas caixas empilhadas! AAs = aquelas, pequenas, empilhadas.

b) Muitos homens modernos admiram mulheres independentes. AAs = muitos, modernos, independentes.

Até agora tudo ótimo. Ok? Espero que sim.

O Adjunto Adnominal pode ser representado por uma expressão preposicionada, de natureza caracterizadora, representado, portanto, por uma verdadeira LOCUÇÃO ADJETIVA. Como nós analisamos em DE LITORAL.

Para isso, temos alguns argumentos a fazer:

1º - O AA só se liga a SUBSTANTIVOS (Concretos ou Abstratos);

2º - O AA é um TERMO ACESSÓRIO, isto é, NÃO é exigência de nenhum termo anterior;

3º - O AA é termo ATIVO;

4º - O AA indica POSSE;

Isso é o que determina o AA.

Vejamos alguns exemplos:

a) Pedro ganhou um relógio de ouro.

DE OURO se liga a RELÓGIO, que é substantivo concreto. DE OURO é expressão caracterizadora. DE OURO = ADJUNTO ADNOMINAL.

b) O chapéu de palha esvoaçava ao vento.

DE PALHA se liga a CHAPÉU, que é subst. concreto. DE PALHA é expressão caracterizadora. DE PALHA = ADJUNTO ADNOMINAL.

c) A pergunta do aluno deixou o professor pensativo.

DO ALUNO se liga a PERGUNTA, que é subst. abstrato. DO ALUNO pode indicar POSSE, isto é, a "PERGUNTA DELE" ou naturalmente ser ATIVO, a saber, o aluno fez a pergunta, ele perguntou, portanto é ATIVO. Logo, ADJUNTO ADNOMINAL.

d) A invenção do cientista é fantástica!

DO CIENTISTA se liga a invenção, que é substantivo concreto, neste caso. DO CIENTISTA não é termo PASSIVO, e sim ATIVO, porque O CIENTISTA INVENTOU ALGO. Logo, DO CIENTISTA = ADJUNTO ADNOMINAL.

e) O livro do meu pai sumiu.

DO MEU PAI se liga a LIVRO, que é substantivo concreto. DO MEU PAI indica POSSE. Logo é ADJUNTO ADNOMINAL.

f) Comprei uma pizza de chocolate.

DE CHOCOLATE se liga a PIZZA, que é um substantivo concreto. DE PIZZA é expressão caracterizadora. Logo, ADJUNTO ADNOMINAL.

==> O AA pode ser representado por um pronome oblíquo átono (você deve estar pensando...que DJABO É ISS...). São aqueles, amigo,

ME, TE, LHE(S), NOS, VOS (o se, o, a ficam de fora)

quando indicarem posse. Sem delongas!

A correspondência tem de ser assim:

ME = MEU(S), MINHA (S)
TEU = TEU(S), TUA(S)
LHE = SEU, SUA
NOS = NOSSO (S), NOSSA(S)
VOS = VOSSO(S), VOSSA(S) = Aproveitando o ensejo, esse pronome VÓS - VOS está em fase de extinção. Como assim, professor? Sim, sim, em fase de extinção! Traga qualquer livro, revista, jornal, tese, notícia...sei lá! Procure algum texto em que há esse camarada. É muito raro.
LHES = SEUS, SUAS

Exemplos para fixar:

1. Roubaram-lhe os documentos. Isto é, Roubaram os SEUS documentos. Logo, LHE = AA.
2. O fogo me queimou a mão. Isto é, O fogo queimou a MINHA mão. Logo, LHE = AA.
3. O amor não te cega o coração? Isto é, O amor não cega o TEU coração? Logo, LHE = AA.

Encontrar uma construção sintática como a empregada nas frases supracitadas não é tarefa fácil. Tais estruturas, não obstante, podem ser encontradas em um ambiente de linguagem mais rebuscada, no qual o autor queira demonstrar habilidade linguística.

Agora, vejamos o COMPLEMENTO NOMINAL (CN).

Segundo a gramática de Luiz Antonio SACONNI, Nossa Gramática Teoria e Prática, muito conhecida entre estudantes

COMPLEMENTO NOMINAL é o complemento de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).

Exemplo: Juçara tem certeza DA VITÓRIA.

DA VITÓRIA completa o sentido de CERTEZA, um substantivo (portanto NOME), pois QUEM TEM CERTEZA TEM CERTEZA DE ALGUMA COISA.

E continua
outros exemplos:

a) A sala está cheia DE GENTE.

b) Tenho saudades DE TERESA.

c) Sua casa é longe DA ESCOLA.

d) A lembrança DA NAMORADA o perturbava.

e) Sairei independentemente DE SUA OPINIÃO.

Sacconi fica só na superfície... só no balanço da maré!

É preciso aprofundamento.

CELSO PEDRO LUFT, professor, gramático, filólogo, lingüista e dicionarista brasileiro, em seu livro GRAMÁTICA RESUMIDA, oferece-nos expedientes inéditos e extraordinários.

Para ele

Complemento Nominal é o termo que "completa" a significação transitiva de um nome (substantivo, adjetivo e advérbio). Pelo conteúdo TRANSITIVIDADE VERBAL (já visto em nosso Blog), percebemos que existem verbos que exigem complementos, outros não. Luft pensa da mesma forma para os nomes.






Existem certos substantivos, adjetivos e advérbios de sentido incompleto, como os verbos transitivos. Requerem, como estes, um complemento.

Exs: Referência... Alusivo... Longe ... À mente se impõe naturalmente uma pergunta: REFERÊNCIA a quê?, ALUSIVO a quê?, LONGE de quê?, de onde?. Pois bem, o complemento que responde a essas perguntas - que vai integrar essas palavras para com elas formar um todo semântico - chama-se COMPLEMENTO NOMINAL.

Exs:

Evitou a referência AOS ADVERSÁRIOS.

Discurso alusivo À DATA.

A casa fica longe DA CIDADE.

O complemento nominal vem sempre preposicionado: é um verdadeiro "OBJETO INDIRETO" de nomes (substantivo, adjetivos, advérbios).

Há duas espécies de complemento nominal:

1) DE NOMES (subst., adj., adv.) derivados de verbos transitivos;

2) DE ADJETIVOS TRANSITIVOS;

3) DE SUBSTANTIVOS ou ADVÉRBIOS DERIVADOS DESTES;

1 - VERBO TRANSITIVO + COMPLEMENTO VERBAL (objeto) --> NOME "TRANS". + COMP. NOMINAL:

O racicínio funciona assim:





Ex: O prefeito queria finalizar a construção da estrada.

Temos o substantivo CONSTRUÇÃO, que é derivado do verbo CONSTRUIR. Ora, se o verbo CONSTRUIR é verbo transitivo, isto é, um verbo que exige complemento (verbal), o substantivo derivado dele CONSTRUÇÃO também é exigirá um complemento (nominal).

Outro caso:

Ex: A suspensão do jogo gerou muita confusão.

Ora, primeiramente: SUSPENSÃO de quê?

SUSPENSÃO é substantivo derivado do verbo SUSPENDER, o qual, por sua vez, é transitivo, ou seja, exige complemento (verbal). Logo seu substantivo derivado SUSPENSÃO também exigirá um complemento (nominal). SUSPENSÃO exige uma expressão para lhe completar o sentido. É, portanto, um substantivo transitivo.

A lista continua

colocar (cartazes) --> colocação / colocador (de cartazes)

vender (móveis) --> venda / vendedor (de móveis)

inventar (um sistema) --> invenção / inventor (de um sistema)

obedecer (à lei) --> obediência / obediente (à lei)

depender (do resultado) --> dependência / dependente (do resultado)

parecer-se (com alguém) --> parecido (com alguém)

2 - ADJETIVO TRASITIVO + COMP. NOMINAL --> SUBST. TRANS. + COMP. NOMINAL

apto (ao trabalho) --> aptidão (ao trabalho)

certo (de vencer) --> certeza (de vencer)

perito (em contas) --> perícia (em contas)

louco (por viagens) --> loucura (por viagens)

> Como se viu no lugar próprio, complemento nominal é necessário ao nome (subst., adj., adv.) que o rege; o adjunto adnominal - o próprio term ADJUNTO lembra - não é necessário, é termo acessório, dispensável. É um simples anexo.

Complemento Nominal: desprezo (da morte), medo (de fantasmas) etc.

Adjunto Adnominal: portão (de ferro), folha (de árvore) etc.

> O complemento nominal pode completar substantivos, adjetivos e advérbios: lembrança (do passado), cheio (de água), perto (de casa); o adjunto adnominal qualifica ou limita apenas substantivos: mesa (de mármore), fio (de aço) etc.

> No complemento nominal há uma IDÉIA DE RELAÇÃO, de DEPENDÊNCIA, o que não existe no adjunto adnominal. Veja:

Ramos (de palmeira)

MAS

raiva, desprezo, amor, estima, raiva (de alguém ou a alguém).

É que o complemento é um elemento externo, distinto do seu regente; ao passo que o adjunto é elemento interno, indicativo de matéria, espécie, tipo, pertença. Aquele relaciona, este qualifica ou especifica.

> Tipo característicos de complemento nominal é o dependente de adjetivos transitivos, bem como de substantivos ou advérbios derivados destes:

CÚMPLICE (--> cumplicidade - de ou em um crime) ; ÁVIDO (--> avidez - de dinheiro); mau (--> maldade - com os animais) etc. Note-se que o adjetivo não pode ter adjunto adnominal.

> O tipo mais comum de complemento nominal é a transformação de um complemento verbal , quando o verbo transitivo se nominaliza, isto é, se transforma em um nome (subst., adj., adv.) transitivo.

Exemplos:

INVENTAR uma máquina --> INVENÇÃO de uma máquina;

DEPENDER de --> DEPENDÊNCIA de --> DEPENDENTE de;

CANCELAR algo --> CANCELAMENTO de algo;


==> O CN, assim como o AA, pode também ser representado por um pronome oblíquo átono.

1º - quando completar o sentido de um nome incompleto da oração. Geralmente, o CN, sendo um pronome átono, aparece em orações em cuja estrutura há um verbo de ligação. Isso, porém, não quer dizer que em outros casos seja impossível haver sua ocorrência.

Vejamos:

1. Ela me era fiel. => ELA ERA FIEL A MIM. *A MIM = CN (do nome adjetivo "FIEL"). Quem é FIEL é FIEL a alguém.

2.Eu lhe tenho respeito. => EU TENHO RESPEITO A TI. *A TI = CN (do nome substantivo "RESPEITO"). Quem tem respeito tem respeito a / por alguém.

A NOVA FASE.

Aqui poderíamos finalizar nossa aula numa boa! Por quê? Porque é exatamente isso o que diferencia AA de CN. Para nosso conhecimento, isso basta. Certamente já podemos resolver algumas questões referentes a esses dois termos. Partimos de uma explicação bem simples, clara, para depois aprofundarmos mais em saberes. Analisamos detalhadamente.

Porém, a busca do saber nos torna insaciáveis. Sempre queremos mais. O homem é insaciável por natureza. E quando sabemos (se é que sabemos), mais queremos. Há uma máxima: "Cuidado com o que desejas, pois poderás ser atendido". É muito interessante essa frase.

Muitas vezes desejamos com tanto fervor algo e, quando conquistamos tal objetivo, parece que caímos em apatia, em profunda indiferença. Ou seja, "bem, já tenho... e agora?" E vamos à procura de dar sentido às coisas. É espetacular. Então a vida não tem sentido ... somos nós quem damos sentido a ela. O sentido da vida existe por nossa causa. O sentido da vida é darmos sentido a ela. Somos espíritos livres, aproveitando uma palavrinha de Nietzsche, então vamos além. Somos pássaros libertos. Mentalidades além de!

CAROS ALUNOS,

A PARTIR DESSE INTERVALO , ABORDAREMOS QUESTÕES SEGUNDO ANÁLISES DE ENSINO SUPERIOR. DESSA FORMA, SAIBAMOS DIFERENCIAR NOSSOS ESTUDOS.


=> APROFUNDAMENTO. CONFLITOS. OPINIÕES.


AA e CN compartilham traços comuns, como:

a) a posição à direita do núcleo;
b) a inexistência de pausa;
c) a introdução por preposição, obrigatória no complemento nominal e muito frequente no adjunto;

Evanildo Bechara, em seu livro Moderna Gramática Portuguesa, escreve

Todavia o complemento nominal está semanticamente mais coeso ao núcleo, por representar uma construção derivada mediante a nominalização, fenômeno que não ocorre no adjunto adnominal.

A criança nasceu --> O nascimento da criança
A polícia prendeu o criminoso --> A prisão do criminoso pela polícia

Essa relação impossibilita o apagamento do complemento nominal, sem que isso estabeleça a razão primordial para distinguir o complemento do adjunto (grifo do próprio autor).

O nascimento (de...?)
A prisão (de...por...?)

BECHARA depois mostra o paralelismo entre a estrutura interna do complemento nominal e do verbal, conforme já vimos em LUFT. E continua.

A seleção da preposição que introduz o complemento nominal quase sempre está determinada pela preposição que acompanha o complemento verbal.

Fui à cidade -> A ida à cidade
Penetrou na floresta -> A penetração na floresta
Incluinou-se à música -> Inclinação à música

Mas há outros que devem sua presença a traços semânticos do núcleo nominal, independentes de nominalizações. Teremos substantivos formalmente relacionados a verbos que assumem relações muito semelhantes às que ocorrem nas orações.

a saída do trem --> o trem saiu
a entrada de funcionários --> os funcionários entram

A tradição nos diz que AA é TERMO ATIVO. No entanto, após esses exemplos, percebemos o quanto é insustentável tal afirmação.

Ex: É permitida somente a entrada de pessoas autorizadas.

Em outras palavras: somente pessoas autorizadas podem entrar. DE PESSOAS AUTORIZADAS liga-se à "entrada". DE PESSAS AUTORIZADAS é termo ATIVO. É AA?

Contrariando a tradição: NÃO.

Veja:

É permitida somente a entrada.

Sem a expressão preposicionada a mensagem, realmente, fica incompleta. É evidente. Entrada de alguém. Isto é, alguém entra.

Percebemos, então, que DE PESSOAS AUTORIZADAS é termo integrante de ENTRADA, e não ACESSÓRIO, dispensável. Logo, temos COMPLEMENTO NOMINAL.

A participação dos alunos --> os alunos participam
A saída dos funcionários --> os funcionários saem
A indagação do professor --> o professor indaga

Bechara vai além. O autor propõe uma espécie de classificação de complementos nominais, assim como o faz MACAMBIRA, em sua excelente obra ESTRUTURA DO VERNÁCULO.

1. A resolução do diretor => DO DIRETOR = Complemento Nominal SUBJETIVO ATIVO (porque corresponde a um sujeito ativo: O diretor resolveu).

2. O pagamento da fatura => DA FATURA = Comp. Nominal SUBJETIVO PASSIVO (porque corresponde a um sujeito passivo: A fatura foi paga).

3. A remessa dos livros => DOS LIVROS = Comp. Nominal OBJETIVO (equivalente a alguém remeteu os livros).

4. A pergunta ao aluno foi boa => AO ALUNO = Comp. Nominal OBJETIVO INDIRETO (equivalente a alguém perguntou a ele, o aluno é o alvo da pergunta).

5. A entrega de livros pelo governo = > PELO GOVERNO = Comp. Nominal de agente.

6. A ida à Petrópolis => À PETRÓPOLIS = Comp. Nominal circunstancial.

Tudo porque, como já foi mencionado, há um estreito paralelismo entre complemento nominal e orações.

Bechara também afirma que há substantivos que selecionam termos obrigatórios, inerentes ao conteúdo de pensamento designado.
Estão neste caso de complementos inerentes:

a) Os substantivos relacionais, isto é, aqueles que não fazem referência a indivíduos , mas expressam relações entre indivíduos. É o caso dos termos de parentesco, do tipo de PAI, MÃE, FILHO, IRMÃO:

O filho da vizinha...
O pai de Eduardo...
A irmã da Kitana...

Incluem-se neste rol, naturalmente, substantivos como AMIGO, COLEGA, COMPANHEIRO:

O amigo de Cícero...
A colega de Lúcia...

Os nomes de partes do corpo e aqueles que aludem a partes contistutivas de uma entidade, física ou abstratamente consideradas:

os braços da dançarina...
o rosto da criança...
o x da questão...

Essas foram as palavras da maior autoridade viva, até hoje, em se tratando de Língua Portuguesa.
Fiquemos, pois, com seus ensinos.

Para finalizar, a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) reconhece esses dois termos (AA e CN) e nos dá "expedientes" para diferenciar um de outro. Sabe o que diz a NGP (Nomenclatura Gramatical Portuguesa) a respeito deles? Nada.
Simplesmente ela não fará essa distinção. Apenas chama aos dois de uma única coisa: COMPLEMENTO DETERMINATIVO.
Parece que é mais fácil desse jeito, hein?

Abraço, turma!

Prof. Hugo Magalhães.

sexta-feira, 6 de março de 2009

GRAU É FLEXÃO?


Olá, senhores!

Quem nunca ouviu aquela expressão "concordo com você em GÊNERO, NÚMERO e GRAU!".

Poisé, essa frase surgiu provavelmente das Gramáticas Tradicionais, em que se verifica que a flexão se dá nessas três categorias. Exemplo: quando estudamos a classe do ADJETIVO, as GTs trazem seu estudo dividido em TEORIA (o conceito de Adjetivo), TIPOS DE ADJETIVO (uniforme, biforme, simples e composto) e VARIAÇÕES DO ADJETIVO (isto é, flexão em Gênero, Número e Grau).

Não vamos muito longe.

Em Nossa Gramática Teoria e Prática, de Luiz Antonio SACONNI, encontramos:
"O adjetivo pode variar em gênero, em número e em grau" PÁGINA 143.

Porém, é mesmo GRAU um processo de FLEXÃO?

Primeiro, quando estudamos MORFOLOGIA, sabemos que existem palavras variáveis e invariáveis. Isto é, palavras que se flexionam em gênero e número, outras não. Logo, GRAU fica de fora. Percebeu? Lembra-se de DESINÊNCIA?
Exemplo: GAT + A + S => o A é a marca de gênero, portanto desinência nominal de gênero, e o S é a marca de plural, portanto desinência nominal de número. A GT não traz "desinência nominal de GRAU".

Vamos expor uma frase e, em seguida, atentar para alguns detalhes.

frase 1: Garota ESPERTA.

Por que no lugar da palavra ESPERTA não poderia ser ESPERTO? Simplesmente porque a palavra "Garota" é palavra feminina singular, então a palavra seguinte, o adjetivo, tem de concordar em gênero e número com ela.

frase1: Garota esperta. (OK)
frase 2: Garota esperto (?)
frase 3: Garota espertos (?)
frase 4: Garota espertas (?)

A única aceitável desse rol é a frase 1, sem dúvida. Isso porque está havendo aí um processo natural de concordância.

Se "garota" estivesse no plural, automaticamente o adjetivo iria concordar com ela em outra categoria: a de número.

Exemplo: GarotaS espertaS.

"ESPERTAS" está no FEMININO PLURAL, porque "GAROTAS" se encontra nessa circunstância. Então, em ESPERTAS temos uma palavra FLEXIONADA em gênero e número, visto que GAROTAS também apresenta essa FLEXÃO.

Mas se colocássemos a palavra no grau diminutivo

GarotINHA

o adjetivo "esperto" também teria que aparecer "flexionado" em grau?

Não.

Garotinha espertíssima.

Ou seja, as duas palavras têm a marca de grau. Porém, é OBRIGATÓRIO colocarmos o -ÍSSIMA em "esperto"? Não. O -A, sim, porque é a marca de GÊNERO. Então tanto faz

Garotinha ESPERTA ou ESPERTÍSSIMA ou simplesmente Garota ESPERTÍSSIMA.

Conclusão: GRAU NÃO é flexão, porque não é um processo OBRIGATÓRIO.

"A superlativação do adjetivo não obedece a qualquer vínculo de concordância com o substantivo. Ou seja, o grau acontece para o adjetivo sem que necessariamente ocorra para o substantivo. Em

Rapaz ESTUDIOSÍSSIMO, o substantivo se mantém sem marcação de grau. O aumentativo ou diminutivo também não determina qualquer processo de concordância. A não ser assim, em vez de criancinha linda, teríamos que dizer criancinha lindinha". (MOTEIRO, 66).

"A expressão do grau não é um processo gramatical em português, porque não é um mecanismo obrigatório e coerente, e não estabelece paradigmas exaustivos e de termos exclusivos em si". Mattoso Câmara Jr. (1971:50).

A flexão é sistemática, isto é, atinge de maneira geral todo e qualquer vocábulo.

O que acontece com GRAU, na verdade, é DERIVAÇÃO e não FLEXÃO.

"A derivação, ao contrário, é assistemática. Se de NEGRO se deriva NEGRUME, não se deve concluir que de VERDE deva necessariamente derivar-se VERDUME. Não é possível qualquer previsão. Ao verbo ALEGRAR, de ALEGRE, contrapõe-se ENTRISTECER, de TRISTE, não porém TRISTAR, que seria o normal, se a pauta derivacional fosse tão regular como a pauta flexional; entretanto, não existe o verbo TRISTAR. É que "uma derivação pode aparecer para um dado vocábulo e faltar para um vocábulo congênere" (Mattoso Câmara Jr). A ocorrência da forma derivada é de certo modo fortuito e casual: há, mas seria possível deixar de haver; ou não há hoje, mas é possível que haja amanhã.

Tratando-se de flexão, a coisa é diferente: houve, há e haverá obrigatoriamente.

A derivação é optativa, DERIVATIO VOLUNTARIA, no dizer de VARRÃO, porque depende da vontade do falante. Se quisermos, nunca empregaremos o sufixo -ÍSSIMO, diremos, por exemplo, É MUITO LINDO em lugar de É LINDÍSSIMO; nem o substantivo LINDEZA: É UMA COISA LINDA substitui perfeitamente É UMA LINDEZA. O singular ou o plural, o masculino ou feminino, estes não podem ser evitados. É impossível empregar um nome sem a marca do gênero e do número.

A flexão é obrigatória, DERIVATIO NATURALIS, no dizer de VARRÃO, por ser imposta pela natureza da língua. Não podemos utilizar um substantivo português sem obrigatoriamente usá-lo sob certa forma numérica: o número acompanha infalivelmente qualquer substantivo português.
Em chinês é diferente, e o substantivo pode ser usado sem estar ajoujado à idéia de número. É que normalmente o substantivo português se apresenta com dupla forma, ou em parelha, de tal modo que, dada uma, se pode facilmente encontrar a outra: LIVRO - LIVROS - CASA - CASAS, ou vice-versa. É um paralelismo rígido que molda toda a categoria nominal do português.

Por ser optativa, a derivação abre perspectativa estilística; por ser obrigatória, nada tem a flexão com o estilo". (JOSÉ REBOUÇAS MACAMBIRA, 1974).

GRAU é um mecanismo de DERIVAÇÃO, não de FLEXÃO. Então, em se tratanto de palavras variáveis, temos, portanto, aquelas que variam em GÊNERO e NÚMERO, somente.

Por enquanto, só.

Abraços!

Hugo Magalhães.

terça-feira, 3 de março de 2009

REGÊNCIA VERBAL


Olá a todos!

Bem, vamos entender hoje o conteúdo chamado REGÊNCIA VERBAL (= PREDICAÇÃO VERBAL = TRANSITIVIDADE VERBAL).

O título é sugestivo: "deve ser alguma coisa relacionada ao verbo..." Sim, exatamente. A idéia primeira que nos ronda o pensamento é essa mesma.
Na nossa ilustração acima, há um erro de regência: o verbo REFERIR-SE exige uma preposição ( A ), a qual, podemos perceber, não aparece na frase. Já que é uma EXIGÊNCIA, teria, portanto, de aparecer.
Corrigindo, então:
Os estudantes A que me referi...


Vamos arrolar duas sentenças:

frase 1: Pimenta arde.
frase 2: Aquele estudante pratica.

Nas frases acima, temos os verbos ARDER e PRATICAR. É evidente que o verbo ARDER não exige nenhuma palavra ou expressão para lhe completar o sentido, pois somente "arder" por si próprio é completo, já contém seu pleno significado. Um nativo da língua portuguesa sente que a frase está gramaticalmente completa. É inerente, intríseco. Simplesmente o verbo em questão tem o sentido absoluto, pleno, completo, portanto.
Contudo, ao analisar o verbo PRATICAR, percebemos a diferença. A frase 2 está incompleta gramaticalmente. Ora, quem pratica pratica ALGUMA COISA, pratica ALGO. Afinal, "o que aquele estudante PRATICA?". A pergunta é inevitável: "pratica O QUÊ?" O verbo, nesse caso, EXIGE COMPLEMENTO, exige alguma expressão para lhe completar o sentido. O verbo PRATICAR por si só tem o sentido incompleto.

Agora nesses exemplos

1. Pimenta ARDE.
2. Aquele aluno pratica FUTEBOL.

Ao verbo da frase 1 vamos chamar de INTRANSITIVO; enquanto o da frase 2, TRANSITIVO. CONCLUSÃO: VERBO INTRANSITIVO (V.I) é o verbo que NÃO EXIGE COMPLEMENTO, ele por si só já tem sentido completo. VERBO TRANSITIVO (V.T), por sua vez, EXIGE COMPLEMENTO e é possível, por isso, reconhecê-lo na frase.
Percebemos o complemento do verbo PRATICAR. FUTEBOL, portanto, é o complemento do verbo (= verbal). A esse COMPLEMENTO VERBAL, no caso, chamaremos de OBJETO.

Assim:

1. Pimenta arde (= V.I).

2. Aquele aluno pratica (= VT) futebol (= OBJETO).

Se tivermos a frase 3

frase 3: Aquele aluno gosta de futebol.

Nesse caso, é direta a pergunta: QUEM GOSTA GOSTA DE ALGUMA COISA ou GOSTA DE ALGO. O verbo GOSTAR exige complemento, e mais: a expressão que lhe completa o sentido está na frase, é possível reconhecê-la. DE FUTEBOL é o complemento verbal = OBJETO. Observemos agora:

3. Aquele aluno gosta (= VT) de futebol (= OBJETO).

Então, tanto na frase 1 quanto na frase 3 temos verbos TRANSITIVOS, pois exigem complementos e os reconhecemos na frase. Expondo-os:

frase 2: Aquele aluno pratica (= VT) futebol (= OBJETO).

frase 3: Aquele aluno gosta (= VT) de futebol (= OBJETO).

Mas, será que há diferenças entre eles? Certamente. O detalhe está no objeto. Ora, o objeto da frase 2 não tem preposição; já em 3 tem. Ao objeto SEM PREPOSIÇÃO chamaremos de OBJETO DIRETO (O.D) e o verbo PRATICAR será VERBO TRANSITIVO DIRETO (V.T.D); ao objeto COM PREPOSIÇÃO, OBJETO INDIRETO (O.I) e o verbo GOSTAR será VERBO TRANSITIVO INDIRETO (V.T.I). Em outras palavras, VTD é o verbo que exige complemento SEM PREPOSIÇÃO (OD); VTI é o verbo que exige complemento COM PREPOSIÇÃO (OI).

Na prática, fica assim:

2. Aquele garoto pratica (= VTD) futebol (= OD).

3. Aquele garoto gosta (= VTI) de futebol (= OI).

Com a quarta frase

frase 4: Aquele aluno entregou os testes aos pais.

Aqui, temos um verbo que exige dois complementos. Façamos a pergunta: QUEM ENTREGA ENTREGA ALGO A ALGUÉM. Dá para reconhecer seus objetos? Sim! O verbo ENTREGAR exige, portanto, dois complementos: um sem preposição (direto) outro com preposição (indireto). Logo, o verbo é BITRANSITIVO, ou TRANSITIVO DIRETO e INDIRETO ao mesmo tempo.
Vejamos o exemplo analisado.

4. Aquele aluno entregou (= VTDI) os testes (= OD) aos pais (= OI).

Fiquemos com as palavras do mestre Macambira:

"TRANSITIVO é sinônimo de predicação incompleta: transita em procura de alguma coisa para completar-se; INTRANSITIVO é sinônimo de predicação completa: não transita, não sai do lugar, porque, para completar-se, não precisa de nada; basta-se a si mesmo, é completo por si próprio".

1º Quadro sintético:

VI = Verbo que não exige complemento.
VT = VTD exige (OD) - VTI exige (OI) - VTDI exige (OD e OI)

Agora, analisemos a frase 5:

frase 5: Minha família é feliz.
Nesse exemplo temos o verbo SER, o qual liga ao sujeito o adjetivo FELIZ. Sendo assim, FELIZ não é um complemento do verbo, e sim um PREDICATIVO DO SUJEITO. O verbo SER, nesse caso, será chamado de VERBO DE LIGAÇÃO.

Outros casos:


frase 6: Meu time está EXCELENTE!

frase 7: A professora ficou ANIMADA.
frase 8: Os alunos permanecem CALADOS.
frase 9: Os alunos parecem INTERESSADOS.
frase 10: A criança continua SORRIDENTE.

PRIMEIRO DETALHE:

VERBO DE LIGAÇÃO (V.L) é o verbo que LIGA uma CARACTERÍSTICA, ou um ATRIBUTO, ou uma QUALIDADE, que concorda em gênero e número com o sujeito. A coisa LIGADA será chamada de PREDICATIVO DO SUJEITO (P.S).


LEMBRE-SE: todo verbo de LIGAÇÃO SEMPRE exige PREDICATIVO DO SUJEITO. RESUMO: VL + PS

Analisando agora as frases
frase 5: Minha família é (= VL) feliz (= PS --> concorda com o sujeito).
frase 6: Meu time está (= VL) excelente (= PS --> concorda com o sujeito).
frase 7: A professora ficou (= VL) animada (= PS --> concorda com o sujeito).

frase 8: Os alunos permaneceram (= VL) calados (= PS --> concorda com o sujeito).

frase 9: Os alunos parecem (= VL) interessados (= PS --> concorda com o sujeito).

frase 10: A criança continua (= VL) sorridente (= PS --> concorda com o sujeito).
Existem casos em que o PS pode ser representado por uma expressão preposicionada e, por isso, pode ficar invariável.
--> Aquela mulher está sem emprego.
--> Essa mulher ficou sem recursos financeiros.
--> Nós ficamos com sede.

--> Elas permaneceram com fome.
SEGUNDO DETALHE:
VERBO DE LIGAÇÃO pode indicar diferentes ESTADOS. Muitos o chamam de VERBO DE ESTADO. Isso não é de todo correto. O certo é que ele pode, sim, indicar alguns estados.
Vejamos:
frase 11: Aquele homem É doente = ESTADO PERMANENTE


frase 12: Aquele homem ESTÁ doente = ESTADO PASSAGEIR

frase 13: Aquele homem FICOU doente = MUDANÇA DE ESTADO

frase 14: Aquele homem CONTINUA doente = CONTINUIDADE DE ESTADO

De fato, o VERBO DE LIGAÇÃO pode indicar diferentes estados. Porém, vamos por partes:


1º - VL é o verbo que LIGA algo ao sujeito;

2º - VL pode indicar alguns ESTADOS;


Neste caso:
frase 15: Aquele homem adoeceu.
Temos nesse exemplo um Verbo de Ligação? Não, em absoluto. Indica estado o verbo? Sim. Mas, então, por que esse verbo não é de ligação? Simples: ELE NÃO LIGA NADA AO SUJEITO. ONDE ESTÁ O PREDICATIVO DO SUJEITO? Porque todo verbo de ligação tem que ter PS!


CONCLUSÃO: não se trata de um VL, e sim de um VERBO INTRANTISITO (VI).
Que tenhamos cuidado!!!

DESAFIO:
frase 16: Aquele prédio foi destruído.

O verbo FOI, que é o verbo SER, é de Ligação? DESTRUÍDO é PREDICATIVO DO SUJEITO?
NÃO!
DICA CAMPEÃ: O VL tem um sujeito neutro, isto é, NEM ATIVO (aquele que PRATICA ação) NEM PASSIVO (aquele que SOFRE ação).


Percebemos que o sujeito AQUELE PRÉDIO é PASSIVO, ou seja, sofre ação. Logo, o verbo NÃO é de Ligação.

Os principais VERBOS DE LIGAÇÃO são:

SER - ESTAR - FICAR - CONTINUAR - PERMANECER - PARECER

No entanto, temos que ficar atentos!

Existem verbos que ora são de Ligação ora não o são:
frase 17: O aluno VIROU a cadeira.
frase 18: O aluno VIROU funcionário público.
Ora, o verbo VIRAR não tem a mesma transitividade. No primeiro caso, é VTD. No segundo é VL. O aluno não era funcionário público, agora ele é. Então houve uma mudança de estado. FUNCIONÁRIO PÚBLICO se liga ao sujeito, refere-se a ele.


Detalhando
frase 17: O aluno virou (= VTD) a cadeira (= OD).
frase 18: O aluno virou (= VL) funcionário público (PS).

Saber se um verbo é ou não de Ligação dependerá somente do contexto. Verbos como ANDAR, VIVER, VIRAR, ACABAR, SAIR, ENTRAR, CAIR, SERVIR, FINGIR-SE DE, PASSAR POR, BANCAR entram nesse rol.

frase 19: Maria vive cansada.

frase 20: Maria vive uma vida miserável.

frase 21: Maria vive em Fortaleza.

Nesses três casos, a transitividade do verbo VIVER é diferente. Em 19, temos VL (cansada é PS), em 20 temos VTD e em 21 temos VI (em Fortaleza é Adjunto Adverbial).

=> GRANDES CONTRADIÇÕES DA GRAMÁTICA TRADICIONAL - PARTE 1

frase 22: Tom Cavalcante mora em São Paulo.

Como a Gramática Tradicional analisa a transitividade do verbo MORAR em questão? Bem, pasmem: para a GT esse verbo É INTRANSITIVO. Como assim?! Isso mesmo.

frase 22: Tom Cavalcante mora (= VI) em São Paulo (= ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR).

A GT faz uma análise somente observando o sentido que a expressão EM SÃO PAULO sugere, o que é lamentável. Realmente, ela exprime lugar. E quanto à transitividade do verbo? MORAR, de fato, não exige complemento? Ora, QUEM MORA MORA EM ALGUM CANTO, MORA EM ALGUM LUGAR! Sem isso, frase se tornaria incompleta, sem sentido, agramatical.

*frase 22: Tom Cavalcante mora. (?)

Não há dúvidas de que o verbo exige, sim, um complemento. EM FORTALEZA é uma exigência de MORAR, logo seria um OBJETO INDIRETO, naturalmente. Observemos:

frase 23: Tom Cavalcante visitou São Paulo.

Faz-se a pergunta: QUEM VISITA VISITA ALGUM CANTO, VISITA ALGUM LUGAR, VISITA ALGUÉM. "Visitar" = VTD e "São Paulo" = OD.

O raciocínio é o mesmo para a frase 22! A análise "humana", portanto, seria:

frase 22: Tom Cavalcante mora (= VTI) em São Paulo (= OI).

Porém, não é essa a "correta" análise, senhores.

Reitero: para a GT, a análise será desta forma mesmo:

-> Tom Cavalcante (= SUJEITO) mora (= VI) em São Paulo (= ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR).

Sem palavras. É lamentável. Toda a linha de raciocínio é desmantela, em outras palavras "vai por água abaixo...".

A importância foi dada à expressão EM SÃO PAULO. Como indica lugar, a GT entende como Adjunto Adverbial de Lugar. Então sendo Adj. Adv. de Lugar, o verbo não poderia ter outra transitividade a não ser INTRANSITIVO. E é exatamente nesse ponto em que há a contradição com toda a teoria vista. Somos a favor de que, certamente, a expressão indica lugar, sim. Mas, primeiramente, temos que analisar o VERBO. O verbo é o termo principal. Tudo começa pelo Verbo. Se confrontarmos frases como as seguintes, veremos as evidentes diferenças.

frase 22: Oswald de Andrade morou em São Paulo.

frase 23: Oswald de Andrade morreu em São Paulo.

Somente na frase 23 temos um Adjunto Adverbial de Lugar, simplesmete porque tal expressão não é uma exigência do verbo, o qual é verdadeiramente INTRANSITIVO. "Oswald de Andrade morreu DE INFARTO (Adjunto Adverbial de Causa)", "Oswald de Andrade morreu DURANTE A MADRUGADA (Adjunto Adverbial de Tempo)" etc. nesses casos temos expressões dispensáveis, que não são exigências em si do verbo MORRER, assim como EM SÃO PAULO. Afinal, quem MORRE MORRE. E ponto final. Saber ONDE morreu, DE QUÊ morreu, QUANDO morreu, são perguntas secundárias, dispensáveis, portanto, prescindíveis ao verbo.

Mas na frase 22, é fácil notar que o verbo é Transitivo, porque EM SÃO PAULO não é dispensável. É a expressão necessária para completar o sentido de MORAR, que seria VTI.

Apesar de tudo isso, de todas as provas cabíveis, a GT é irredutível: o verbo MORAR será VI, e fim de papo.

==> RECURSO PARA ENCONTRAR O ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR:

POR/A/DE/ + ONDE?

A resposta será um ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR.

Exemplos:

1. Minha família veio de Brasília. => "veio DE ONDE?" R= DE BRASÍLIA. Logo é Ad. Adv. Lugar. O que nos resta é considerar, portanto, o verbo INTRANSITIVO, e não Transitivo Indireto.

2. Minha família foi a Brasília. => "foi AONDE?" R= A BRASÍLIA. Logo é Adj. Adv. de Lugar. Verbo IR é INTRANSITIVO.

3. Minha família está em Brasília. => "está ONDE?" R= EM BRASÍLIA. Logo, é Adj. Adv. Lugar. Verbo ESTAR é INTRANSITIVO.

Quer dizer que Adj. Adv. Lugar só aparece com verbo Intransitivo? NÃO!

Veja:

O estudante achou o livro em cima da mesa. "Achou o livro ONDE?" R= EM CIMA DA MESA. Esse termo será Adj. Adv de Lugar, contudo o verbo ACHAR NÃO é Intransitivo, e sim TRANSITIVO DIRETO, pois QUEM ACHA ACHA ALGUMA COISA, ACHA ALGO.

=> VERBO TRANSOBJETIVO:

É um tipo de verbo Transitivo direto, cujo objeto direto comporta um predicativo do objeto. Entre o objeto direto e o predicativo objeto está implícito um verbo de ligação, que se pode facilmente explicitar:

O prefeito nomeou Luciano secretário.

1. O prefeito nomeou Luciano.

2. Luciano É secretário.

É um verbo transitivo cujo OBJETO não é suficiente para completar o seu sentido. É preciso, portanto, um complemento atributivo para, assim, integrar o sentido da frase.

Exemplo:

Os alunos acharam a professora atenciosa.

ATENCIOSA é o complemento atributivo referente à PROFESSORA. Então, "atenciosa" é o verdadeiro PREDICATIVO DO OBJETO (P.O). Se a frase fosse: Os alunos acharam a professora. O sentido seria totalmente diferente. Nessa caso, parece que estavam procurando a professora, o que não é a correta interpretação da frase. O sentido original sugere uma espécie de julgamento feito pelo sujeito, no caso, OS ALUNOS.

=> DICA CAMPEÃ: IDENTIFICANDO O PREDICATIVO DO OBJETO:

1º - O que você acha que é P.O aceita ficar entre o VERBO e o COMPLEMENTO. Retomando a frase supracitada e aplicando a DICA CAMPEÃ. Vejamos:

Ex1: Os alunos acharam ATENCIOSA a professora. Logo é realmente P.O.

Se isso não for possível é porque não é P.O! Vejamos:

* Os alunos riscaram o quadro BRANCO => Os alunos riscaram BRANCO o quadro. (????) Logo não é P.O, e sim ADJUNTO ADNOMINAL (assunto para outro dia).

2º - Transforme o OBJETO em pronome, se a frase fizer sentido é porque aquilo que você acha que é P.O é realmente P.O. Caso contrário não é.

Ex2: Os alunos acharam-na (= a professora) ATENCIOSA. => Faz sentido a frase. Logo é P.O.

Mas

* Os alunos riscaram-no (= o quadro) BRANCO. => Não faz sentido a frase. Logo não é P.O. Nesse caso, será ADJUNTO ADNOMINAL.

Na verdade, o Predicativo do Objeto é um atributo dado pelo sujeito ao objeto.

Os principais verbos TRANSOBJETVOS são:

ACHAR - CONSIDERAR - JULGAR - NOMEAR - ELEGER - CHAMAR - TER (= JULGAR) - FAZER - TORNAR - APELIDAR - TACHAR - CLASSIFICAR.

Surgindo um desses verbos, fique com o pé atrás! Porque, no geral, haverá um Predicativo do Objeto.

Espero que esse novo expediente tenha servido para elucidar algumas questões de português em mente. E mais: qualquer dúvida, seja bem-vindo(a), fique à vontade.


Aqui é o lugar para debatermos acerca de quaisquer assuntos referentes à Língua Portuguesa. Portanto, sinta-se em casa. Lembre-se de que somos seres extraordinários. A procura do saber nunca é demais. Sentimos sede. Sempre.

Por enquanto é só.

Abraços!

Prof. Hugo Magalhães.