
Bem, vamos entender hoje o conteúdo chamado REGÊNCIA VERBAL (= PREDICAÇÃO VERBAL = TRANSITIVIDADE VERBAL).
O título é sugestivo: "deve ser alguma coisa relacionada ao verbo..." Sim, exatamente. A idéia primeira que nos ronda o pensamento é essa mesma.
frase 1: Pimenta arde.
frase 2: Aquele estudante pratica.
Nas frases acima, temos os verbos ARDER e PRATICAR. É evidente que o verbo ARDER não exige nenhuma palavra ou expressão para lhe completar o sentido, pois somente "arder" por si próprio é completo, já contém seu pleno significado. Um nativo da língua portuguesa sente que a frase está gramaticalmente completa. É inerente, intríseco. Simplesmente o verbo em questão tem o sentido absoluto, pleno, completo, portanto.
Contudo, ao analisar o verbo PRATICAR, percebemos a diferença. A frase 2 está incompleta gramaticalmente. Ora, quem pratica pratica ALGUMA COISA, pratica ALGO. Afinal, "o que aquele estudante PRATICA?". A pergunta é inevitável: "pratica O QUÊ?" O verbo, nesse caso, EXIGE COMPLEMENTO, exige alguma expressão para lhe completar o sentido. O verbo PRATICAR por si só tem o sentido incompleto.
Agora nesses exemplos
1. Pimenta ARDE.
2. Aquele aluno pratica FUTEBOL.
Percebemos o complemento do verbo PRATICAR. FUTEBOL, portanto, é o complemento do verbo (= verbal). A esse COMPLEMENTO VERBAL, no caso, chamaremos de OBJETO.
Assim:
1. Pimenta arde (= V.I).
2. Aquele aluno pratica (= VT) futebol (= OBJETO).
Se tivermos a frase 3
frase 3: Aquele aluno gosta de futebol.
Nesse caso, é direta a pergunta: QUEM GOSTA GOSTA DE ALGUMA COISA ou GOSTA DE ALGO. O verbo GOSTAR exige complemento, e mais: a expressão que lhe completa o sentido está na frase, é possível reconhecê-la. DE FUTEBOL é o complemento verbal = OBJETO. Observemos agora:
3. Aquele aluno gosta (= VT) de futebol (= OBJETO).
Então, tanto na frase 1 quanto na frase 3 temos verbos TRANSITIVOS, pois exigem complementos e os reconhecemos na frase. Expondo-os:
frase 2: Aquele aluno pratica (= VT) futebol (= OBJETO).
frase 3: Aquele aluno gosta (= VT) de futebol (= OBJETO).
Mas, será que há diferenças entre eles? Certamente. O detalhe está no objeto. Ora, o objeto da frase 2 não tem preposição; já em 3 tem. Ao objeto SEM PREPOSIÇÃO chamaremos de OBJETO DIRETO (O.D) e o verbo PRATICAR será VERBO TRANSITIVO DIRETO (V.T.D); ao objeto COM PREPOSIÇÃO, OBJETO INDIRETO (O.I) e o verbo GOSTAR será VERBO TRANSITIVO INDIRETO (V.T.I). Em outras palavras, VTD é o verbo que exige complemento SEM PREPOSIÇÃO (OD); VTI é o verbo que exige complemento COM PREPOSIÇÃO (OI).
Na prática, fica assim:
2. Aquele garoto pratica (= VTD) futebol (= OD).
3. Aquele garoto gosta (= VTI) de futebol (= OI).
Com a quarta frase
frase 4: Aquele aluno entregou os testes aos pais.
Aqui, temos um verbo que exige dois complementos. Façamos a pergunta: QUEM ENTREGA ENTREGA ALGO A ALGUÉM. Dá para reconhecer seus objetos? Sim! O verbo ENTREGAR exige, portanto, dois complementos: um sem preposição (direto) outro com preposição (indireto). Logo, o verbo é BITRANSITIVO, ou TRANSITIVO DIRETO e INDIRETO ao mesmo tempo.
Vejamos o exemplo analisado.
4. Aquele aluno entregou (= VTDI) os testes (= OD) aos pais (= OI).
Fiquemos com as palavras do mestre Macambira:
"TRANSITIVO é sinônimo de predicação incompleta: transita em procura de alguma coisa para completar-se; INTRANSITIVO é sinônimo de predicação completa: não transita, não sai do lugar, porque, para completar-se, não precisa de nada; basta-se a si mesmo, é completo por si próprio".
1º Quadro sintético:
VI = Verbo que não exige complemento.
VT = VTD exige (OD) - VTI exige (OI) - VTDI exige (OD e OI)
Agora, analisemos a frase 5:
Saber se um verbo é ou não de Ligação dependerá somente do contexto. Verbos como ANDAR, VIVER, VIRAR, ACABAR, SAIR, ENTRAR, CAIR, SERVIR, FINGIR-SE DE, PASSAR POR, BANCAR entram nesse rol.
frase 19: Maria vive cansada.
frase 20: Maria vive uma vida miserável.
frase 21: Maria vive em Fortaleza.
Nesses três casos, a transitividade do verbo VIVER é diferente. Em 19, temos VL (cansada é PS), em 20 temos VTD e em 21 temos VI (em Fortaleza é Adjunto Adverbial).
=> GRANDES CONTRADIÇÕES DA GRAMÁTICA TRADICIONAL - PARTE 1
frase 22: Tom Cavalcante mora em São Paulo.
Como a Gramática Tradicional analisa a transitividade do verbo MORAR em questão? Bem, pasmem: para a GT esse verbo É INTRANSITIVO. Como assim?! Isso mesmo.
frase 22: Tom Cavalcante mora (= VI) em São Paulo (= ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR).
A GT faz uma análise somente observando o sentido que a expressão EM SÃO PAULO sugere, o que é lamentável. Realmente, ela exprime lugar. E quanto à transitividade do verbo? MORAR, de fato, não exige complemento? Ora, QUEM MORA MORA EM ALGUM CANTO, MORA EM ALGUM LUGAR! Sem isso, frase se tornaria incompleta, sem sentido, agramatical.
*frase 22: Tom Cavalcante mora. (?)
Não há dúvidas de que o verbo exige, sim, um complemento. EM FORTALEZA é uma exigência de MORAR, logo seria um OBJETO INDIRETO, naturalmente. Observemos:
frase 23: Tom Cavalcante visitou São Paulo.
Faz-se a pergunta: QUEM VISITA VISITA ALGUM CANTO, VISITA ALGUM LUGAR, VISITA ALGUÉM. "Visitar" = VTD e "São Paulo" = OD.
O raciocínio é o mesmo para a frase 22! A análise "humana", portanto, seria:
frase 22: Tom Cavalcante mora (= VTI) em São Paulo (= OI).
Porém, não é essa a "correta" análise, senhores.
Reitero: para a GT, a análise será desta forma mesmo:
-> Tom Cavalcante (= SUJEITO) mora (= VI) em São Paulo (= ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR).
Sem palavras. É lamentável. Toda a linha de raciocínio é desmantela, em outras palavras "vai por água abaixo...".
A importância foi dada à expressão EM SÃO PAULO. Como indica lugar, a GT entende como Adjunto Adverbial de Lugar. Então sendo Adj. Adv. de Lugar, o verbo não poderia ter outra transitividade a não ser INTRANSITIVO. E é exatamente nesse ponto em que há a contradição com toda a teoria vista. Somos a favor de que, certamente, a expressão indica lugar, sim. Mas, primeiramente, temos que analisar o VERBO. O verbo é o termo principal. Tudo começa pelo Verbo. Se confrontarmos frases como as seguintes, veremos as evidentes diferenças.
frase 22: Oswald de Andrade morou em São Paulo.
frase 23: Oswald de Andrade morreu em São Paulo.
Somente na frase 23 temos um Adjunto Adverbial de Lugar, simplesmete porque tal expressão não é uma exigência do verbo, o qual é verdadeiramente INTRANSITIVO. "Oswald de Andrade morreu DE INFARTO (Adjunto Adverbial de Causa)", "Oswald de Andrade morreu DURANTE A MADRUGADA (Adjunto Adverbial de Tempo)" etc. nesses casos temos expressões dispensáveis, que não são exigências em si do verbo MORRER, assim como EM SÃO PAULO. Afinal, quem MORRE MORRE. E ponto final. Saber ONDE morreu, DE QUÊ morreu, QUANDO morreu, são perguntas secundárias, dispensáveis, portanto, prescindíveis ao verbo.
Mas na frase 22, é fácil notar que o verbo é Transitivo, porque EM SÃO PAULO não é dispensável. É a expressão necessária para completar o sentido de MORAR, que seria VTI.
Apesar de tudo isso, de todas as provas cabíveis, a GT é irredutível: o verbo MORAR será VI, e fim de papo.
==> RECURSO PARA ENCONTRAR O ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR:
POR/A/DE/ + ONDE?
A resposta será um ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR.
Exemplos:
1. Minha família veio de Brasília. => "veio DE ONDE?" R= DE BRASÍLIA. Logo é Ad. Adv. Lugar. O que nos resta é considerar, portanto, o verbo INTRANSITIVO, e não Transitivo Indireto.
2. Minha família foi a Brasília. => "foi AONDE?" R= A BRASÍLIA. Logo é Adj. Adv. de Lugar. Verbo IR é INTRANSITIVO.
3. Minha família está em Brasília. => "está ONDE?" R= EM BRASÍLIA. Logo, é Adj. Adv. Lugar. Verbo ESTAR é INTRANSITIVO.
Quer dizer que Adj. Adv. Lugar só aparece com verbo Intransitivo? NÃO!
Veja:
O estudante achou o livro em cima da mesa. "Achou o livro ONDE?" R= EM CIMA DA MESA. Esse termo será Adj. Adv de Lugar, contudo o verbo ACHAR NÃO é Intransitivo, e sim TRANSITIVO DIRETO, pois QUEM ACHA ACHA ALGUMA COISA, ACHA ALGO.
=> VERBO TRANSOBJETIVO:
É um tipo de verbo Transitivo direto, cujo objeto direto comporta um predicativo do objeto. Entre o objeto direto e o predicativo objeto está implícito um verbo de ligação, que se pode facilmente explicitar:
O prefeito nomeou Luciano secretário.
1. O prefeito nomeou Luciano.
2. Luciano É secretário.
É um verbo transitivo cujo OBJETO não é suficiente para completar o seu sentido. É preciso, portanto, um complemento atributivo para, assim, integrar o sentido da frase.
Exemplo:
Os alunos acharam a professora atenciosa.
ATENCIOSA é o complemento atributivo referente à PROFESSORA. Então, "atenciosa" é o verdadeiro PREDICATIVO DO OBJETO (P.O). Se a frase fosse: Os alunos acharam a professora. O sentido seria totalmente diferente. Nessa caso, parece que estavam procurando a professora, o que não é a correta interpretação da frase. O sentido original sugere uma espécie de julgamento feito pelo sujeito, no caso, OS ALUNOS.
=> DICA CAMPEÃ: IDENTIFICANDO O PREDICATIVO DO OBJETO:
1º - O que você acha que é P.O aceita ficar entre o VERBO e o COMPLEMENTO. Retomando a frase supracitada e aplicando a DICA CAMPEÃ. Vejamos:
Ex1: Os alunos acharam ATENCIOSA a professora. Logo é realmente P.O.
Se isso não for possível é porque não é P.O! Vejamos:
* Os alunos riscaram o quadro BRANCO => Os alunos riscaram BRANCO o quadro. (????) Logo não é P.O, e sim ADJUNTO ADNOMINAL (assunto para outro dia).
2º - Transforme o OBJETO em pronome, se a frase fizer sentido é porque aquilo que você acha que é P.O é realmente P.O. Caso contrário não é.
Ex2: Os alunos acharam-na (= a professora) ATENCIOSA. => Faz sentido a frase. Logo é P.O.
Mas
* Os alunos riscaram-no (= o quadro) BRANCO. => Não faz sentido a frase. Logo não é P.O. Nesse caso, será ADJUNTO ADNOMINAL.
Na verdade, o Predicativo do Objeto é um atributo dado pelo sujeito ao objeto.
Os principais verbos TRANSOBJETVOS são:
ACHAR - CONSIDERAR - JULGAR - NOMEAR - ELEGER - CHAMAR - TER (= JULGAR) - FAZER - TORNAR - APELIDAR - TACHAR - CLASSIFICAR.
Surgindo um desses verbos, fique com o pé atrás! Porque, no geral, haverá um Predicativo do Objeto.
Espero que esse novo expediente tenha servido para elucidar algumas questões de português em mente. E mais: qualquer dúvida, seja bem-vindo(a), fique à vontade.
Aqui é o lugar para debatermos acerca de quaisquer assuntos referentes à Língua Portuguesa. Portanto, sinta-se em casa. Lembre-se de que somos seres extraordinários. A procura do saber nunca é demais. Sentimos sede. Sempre.
Por enquanto é só.
Abraços!
Prof. Hugo Magalhães.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado pelo artigo publicado professor Hugo Magalhães. É com essa riquisa de detalhes sobre o assunto que nós esperamosler em seus artigos, parabéns pelo sucesso alcançado com esta publicação. Daria para o senhor(professor Hugo) me mandar um artigo sobre transitividade verbal? Meu email é adersonelias@hotmail.com
ResponderExcluirConto com o senhor. assim estarei reforçando meu tcc com ajuda de seus artigos. Um abraço,
Gostaria de saber se o professor hugo tem de sua autoria apostila ou livro de português.
ResponderExcluirpo ki... se é... a sei la acho ki vc devia botar coisas mais claras sahuashsau =D e me responde essa perguntahsahasuahs me fla 70 frases de vti hasuashuashuas se vc consegui mais vc n vai consegui se n faiz nd quase direito ajhashuashsauh xau melhora essas coisas ki ta mto ruim!!! boa sorte se vai presisa pq vc enveis de fze uma coisa util fica ai fzendo essas coisas ahuashusahus ki drogaa!!
ResponderExcluirtava só zuando
ResponderExcluirShow de mais
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