domingo, 19 de abril de 2009

QUESTÕES da ESAF


Olá, senhores e senhoritas!

Mais uma vez estamos aqui para nos distrair com algumas questões de concurso público. E de novo temos a famosa ESAF!
Essa organizadora nos deixa, em alguns momentos, apreensivos com a elaboração de suas provas, uma vez que é bastante exigente.
Portanto, nosso objetivo único aqui é direcionar o candidato para o êxito.
Fique à vontade.
Desfrute.
Explore.
Analise.
Estude.

Reclamações, sugestões e elogios são sempre bem-vindos!

Vamos dar uma olhada?

(MTE – AUDITOR FISCAL – ESAF/2006)

1. Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro.

a) A Primeira Revolução Industrial pode ser entendida como uma guinada de todos os indicadores econômicos ingleses, sobretudo nas duas últimas décadas do século XVIII.

b) Tal avanço dos indicadores econômicos tiveram várias razões: a intensificação do Comércio Internacional desde o século XVI, a Revolução Agrícola (e a expulsão de vastos contingentes de campesinos para as cidades), o surgimento de uma indústria têxtil inglesa etc.

c) Esses acontecimentos propiciaram o que o historiador Eric Hobsbawm chama de a “partida para o crescimento auto-sustentável”. Por “crescimento auto-sustentável” entende-se: o poder produtivo das sociedades humanas, até então sujeito a variáveis climáticas ou demográficas, tornou-se crescente e constante – livre de epidemias, fomes, pestes ou intempéries, que regularmente ceifavam grandes contingentes de mão-deobra em quase toda a Europa.

d) Contraposto à Idade Média, em que o problema crônico da produção era a falta de homens e mulheres nos campos (e não de terras), o período que se segue à Revolução Industrial é aquele em que o homem começa a tornar-se um pouco mais supérfluo.

e) Como explicita Hobsbawm, trata-se de período em que, às grandes massas de desempregados e campesinos desapossados, juntou-se um sistema fabril mecanizado que produzia “em quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não mais depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado”.

(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo.http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/Historico)


COMENTÁRIOS

Uma questão bem interessante: “Assinale a opção em que apresenta ERRO”.
Nessas circunstâncias, não se sabe qual conhecimento específico a organizadora exige do candidato. Podemos, no entanto, arrolar algumas possibilidades de erro quanto à CRASE, CONCORDÂNCIA, REGÊNCIA e PONTUAÇÃO (voltada, principalmente, à separação de SUJEITO e VERBO e COMPLEMENTO).
Portanto, todo cuidado é pouco.

RESPOSTA: ITEM B

O erro está logo na primeira linha do item.

Tal avanço dos indicadores econômicos tiveram várias razões:

Observe o verbo TER. Ele está no plural, por quê?
“QUEM ou O QUE teve várias razões?”
A resposta a isso é o SUJEITO.

Logo: o que teve várias razões foi o

“tal AVANÇO dos indicadores econômicos TEVE...

Nesse caso, o verbo vai concordar com o NÚCLEO do SUJEITO - AVANÇO.
Já comentamos aqui no BLOG sobre as reais possibilidades de caírem questões de concordância desse mesmo jeito. Assim, quando o enunciado exigir erro de CONCORDÂNCIA VERBAL, o candidato tem de ficar atento para o verbo e o núcleo do sujeito. Isso vale tanto para provas da ESAF quando da CARLOS CHAGAS (FCC).

Não obstante, a questão supracitada não deixa explícito o que pede.


2. Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção gramaticalmente correta.

a) O primeiro interesse dos espanhóis e portugueses pela América foi o ouro acumulado. A mera exploração do ouro, no entanto, não assegurou à Portugal a manutenção da colônia, ameaçada de ocupação. Nesse período, somente a ocupação representava verdadeiro domínio. Por outro lado, os gastos de defesa eram bastante elevados.

b) Como os portugueses já possuíam experiência no cultivo do açúcar em grande escala nas ilhas do Atlântico, a junção desse conhecimento técnico dos portugueses
com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa permitiriam a produção do açúcar em larga escala no Brasil.

c) O principal problema para essa expansão seria a mão-de-obra, pois não haviam na colônia e o transporte de Portugal era economicamente inviável.

d) Na expansão da plantação do açúcar no Brasil, Portugal utilizou-se, inicialmente, do trabalho de índios escravizados. Mas o sistema de monopólio da produção do açúcar entraram em decadência com o início da produção nas ilhas das Antilhas, fazendo com que o preço do produto caísse.

e) A necessidade política de colonização das terras e a ausência de mão-de-obra excedente na Península Ibérica, na época, levaram Portugal a optar pela introdução da mão-de-obra escrava africana (negra).

(SidneiMachado.http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direito/article/viewPDFInterstitial/1766/1463)


COMENTÁRIOS

Realmente a ESAF gosta de questões desse tipo: conhecimentos gramaticais.
Nesse caso, atentaremos, mais uma vez, para CRASE, CONCORDÂNCIA, REGÊNCIA e PONTUAÇÃO.
Na questão anterior havia um erro quanto à CONCORDÂNCIA VERBAL.


ITEM A

ERRO quanto à CRASE.

O primeiro interesse dos espanhóis e portugueses pela América foi o ouro acumulado. A mera exploração do ouro, no entanto, não assegurou à Portugal a manutenção da colônia, ameaçada de ocupação. Nesse período, somente a ocupação representava verdadeiro domínio. Por outro lado, os gastos de defesa eram bastante elevados.

Bem, PORTUGAL é uma palavra que não aceita artigo.
Você diz:

Ex1: PORTUGAL tem uma arquitetura antiga.
Ex2: PORTUGAL é um dos berços da civilização ocidental.
Ex3: PORTUGAL destacou-se como grande desbravador dos mares.

Entre outros exemplos. Isto é, não existe a presença do artigo.

E se no lugar da preposição A tivéssemos a preposição PARA?

Ex1: A mera exploração do ouro, no entanto, não assegurou à Portugal...

Veja:

Ex2: A mera exploração do ouro, no entanto, não assegurou PARA Portugal...

Percebe? Se aparece a preposição PARA, então só deverá aparecer a preposição A!

CORREÇÃO:

A mera exploração do ouro, no entanto, não assegurou A Portugal...


ITEM B

ERRO quanto à CONCORDÂNCIA VERBAL.

Como os portugueses já possuíam experiência no cultivo do açúcar em grande escala nas ilhas do Atlântico, a junção desse conhecimento técnico dos portugueses com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa permitiriam a produção do açúcar em larga escala no Brasil.

“Quem ou o que PERMITIRIA a produção do açúcar em larga escala no Brasil?”

A resposta é o SUJEITO do verbo.

Ora,

...a JUNÇÃO desse conhecimento técnico dos portugueses
com a capacidade de transporte dos holandeses na Europa PERMITIRIA a produção...

O núcleo do sujeito é JUNÇÃO.
Na verdade, deixamo-nos influenciar pela regência do nome JUNÇÃO, pois exige dois complementos: JUNÇÃO DE ALGO COM ALGO.
Porém, JUNÇÃO é o núcleo do sujeito. Logo, o verbo concordará somente com ele, e não com sua idéia de plural a partir de seus complementos.

ITEM C

ERRO quanto à CONCORDÂNCIA VERBAL.

O principal problema para essa expansão seria a mão-de-obra, pois não haviam na colônia e o transporte de Portugal era economicamente inviável.

O verbo HAVER, nesse caso, está no sentido de EXISTIR. Sendo assim, fica no singular, e não no plural.

CORREÇÃO:

O principal problema para essa expansão seria a mão-de-obra, pois não HAVIA na colônia e o transporte de Portugal era economicamente inviável.


ITEM D

ERRO quanto à CONCORDÂNCIA VERBAL.

Na expansão da plantação do açúcar no Brasil, Portugal utilizou-se, inicialmente, do trabalho de índios escravizados. Mas o sistema de monopólio da produção do açúcar entraram em decadência com o início da produção nas ilhas das Antilhas, fazendo com que o preço do produto caísse.

Ora, “QUEM ou O QUE entrou em decadência com o início da produção...?”
A resposta é o SUJEITO, naturalmente.

Logo:

“mas o SISTEMA de monopólio da produção do açúcar ENTROU...”

ITEM E - CORRETO



(ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESAF/2006)

3. Ao texto original, foram feitas alterações morfossintáticas. Assinale a opção que apresenta o único trecho que restou inteiramente correto, quanto aos ditames da norma padrão da língua escrita e às exigências textuais de coesão e coerência.

a) No crescimento do PIB, no ano de 2004, teve significativa importância a expansão do consumo interno e do investimento, e não apenas o das exportações, como em surtos de crescimento anteriores.

b) Foram responsáveis, internamente, por essa expansão: o consumo das famílias que cresceu 4,3% ao ano e o crescimento do investimento da ordem da mais alta taxa desde o final de 1997, bem como das exportações de bens e serviços.

c) A resposta à indagação sobre é viável sustentar taxas de crescimento do PIB real em torno dos 5% ao ano é a de um sim. Mas temos de torcer para que não ocorrem acidentes externos com fortes impactos negativos.

d) Ademais, é fundamental que se atue para elevar nossas taxas de poupança e de investimento a níveis compatíveis com a sustentação do crescimento
– o que exige a criação de um ambiente favorável ao investimento e pela ampliação da capacidade de mobilizar poupança, especialmente a doméstica.

e) A poupança doméstica necessita de ser estimulada para assegurar um crescimento elevado e duradouro do PIB real. A poupança privada requer políticas que lhe estimulem.

(Charles C. Mueller, UnB Revista, Ano IV, n. 11, mai/jun/jul 2005, com modificações)


COMENTÁRIOS


ITEM A

No crescimento do PIB, no ano de 2004, teve significativa importância a expansão do consumo interno e do investimento, e não apenas o das exportações, como em surtos de crescimento anteriores.

Houve ERRO de COESÃO (referencial).

A referência do pronome O no trecho “...e não apenas o das exportações...” é a palavra “EXPANSÃO”. Logo, teria de ser um pronome FEMININO.

Isto é, “teve significativa importância A EXPANSÃO do consumo interno e do investimento, e não apenas A (= EXPANSÃO) das exportações...”.


ITEM B

Foram responsáveis, internamente, por essa expansão: o consumo das famílias que cresceu 4,3% ao ano e o crescimento do investimento da ordem da mais alta taxa desde o final de 1997, bem como das exportações de bens e serviços.

ERRO de COESÃO.

A expressão em destaque refere-se a “crescimento”.

Veja:

...e o crescimento DO investimento...e DAS EXPORTAÇÕES...

Nesse caso, para resgatar a palavra “crescimento” é necessária a colocação de um pronome. Sendo assim

“...e o crescimento do investimento da ordem da mais alta taxa desde o final de 1997, bem como O (= crescimento) das exportações...”


ITEM C

A resposta à indagação sobre é viável sustentar taxas de crescimento do PIB real em torno dos 5% ao ano é a de um sim. Mas temos de torcer para que não ocorrem acidentes externos com fortes impactos negativos.

ERRO de CLAREZA TEXTUAL e FLEXÃO VERBAL.

O primeiro período desse excerto é de difícil entendimento.
Uma construção possível para isso seria

“É afirmativa a resposta a respeito da viabilidade de se sustentarem taxas de crescimento do PIB real em torno dos 5% ao ano”.

O segundo período apresenta um erro quanto à correta flexão do verbo OCORRER, o qual deveria estar no PRESENTE DO SUBJUNTIVO, no sentido de FUTURO (isso mesmo...).

Mas temos de torcer para que não OCORRAM acidentes...


ITEM D – CORRETO

Ademais, é fundamental que se atue para elevar nossas taxas de poupança e de investimento a níveis compatíveis com a sustentação do crescimento – o que exige a criação de um ambiente favorável ao investimento e pela ampliação da capacidade de mobilizar poupança, especialmente a doméstica.

ITEM E

ERRO de REGÊNCIA.

A poupança doméstica necessita de ser estimulada para assegurar um crescimento elevado e duradouro do PIB real. A poupança privada requer políticas que lhe estimulem.

O verbo NECESSITAR, nesse ambiente, está funcionando como verbo AUXILIAR da locução verbal formada por este verbo e por SER e ESTIMULAR.

Veja:

NECESSITAR (auxiliar) + SER (auxiliar) + ESTIMULAR (principal)

Tendo essa propriedade, sua REGÊNCIA não mais admite preposição, simplesmente por ser ele, agora, AUXILIAR, e não principal. Nesse contexto, o verbo NECESSITAR indica, como ele mesmo já exprime, necessidade, coação.
Isso não é característica própria desse verbo.

Veja:

Aquela questão precisava ser estudada com calma.

Temos, nesse exemplo, o verbo PRECISAR como AUXILIAR, assim como SER, do verbo ESTUDAR. Logo, nessas circunstâncias não há preposição.

CORREÇÃO:

A poupança doméstica necessita ser estimulada para assegurar...

O outro erro de REGÊNCIA é voltado para o correto emprego dos pronomes átono em relação ao verbo.

Veja:

A poupança privada requer políticas que lhe estimulem.

LHE é OBJETO INDIRETO, no geral. Mas também pode ser ADJUNTO ADNOMINAL (quando indicar posse) ou COMPLEMENTO NOMINAL (completando o sentido de um nome).
Nesse caso, infelizmente a “escolha” foi errada. Já que o verbo ESTIMULAR é TRANSITIVO DIRETO, então exige OBJETO DIRETO. O pronome LHE, porém, não exerce tal função. É aí que está o erro.

CORREÇÃO:

Coloquemos, portanto, um pronome átono que funcione como OBJETO DIRETO do verbo ESTIMULAR.

A poupança privada requer políticas que O (=crescimento elevado e duradouro do PIB real) estimulem.

Espero que tenham entendido a breve explicação.
Lembre-se reclamações, sugestões e elogios são sempre bem-vindos!
Abraços a todos!
Prof. Hugo Magalhães

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