terça-feira, 7 de abril de 2009

QUESTÕES de GRAMÁTICA


Olá, senhoritas e senhores!

Temos hoje questões de aplicação de regras gramaticais.

Vamos ao que interessa?

1. Assinale a alternativa em que o verbo em destaque se apresenta com a mesma regência do grifado no período abaixo.

“Apenas lhe informaram que os bens de Domingos Leite haviam sido confiscados.”

a) “Com que então eu amava Capitu, e Capitu a mim?”

b) “Também não me esqueceu o que me fez uma tarde.”

c) “Então, Capitu abanava a cabeça (...): mas eu retorquia chamando-lhe maluca.”

d) “José Dias (...) a quem eu perdoava tudo, o mal que dissera, o mal que fizera (...).”


COMENTÁRIOS

O enunciado deixa bem claro: a questão trata de REGÊNCIA VERBAL.

O verbo INFORMAR exige dois complementos: UM SEM PREPOSIÇÃO; OUTRO, COM.

Veja:

1. Quem informa informa ALGO a ALGUÉM
2. Quem informa informa ALGUÉM de ALGO


ITEM A

Amar é verbo que pede só um complemento.

CONCLUSÃO: não satisfaz a questão.

ITEM B

O verbo ESQUECER é de curiosa regência.

Vamos notar as possibilidades de construção com esse verbo.

a) SENDO PRONOMINAL (isto é, construído com um pronome oblíquo de mesma pessoa que o verbo): VTI

1. Eu me esqueci dos meus documentos.

Perceba, nesse caso, que o pronome ME é de 1ª pessoa, enquanto a forma verbal ESQUECER também é de 1ª pessoa. O verbo é Transitivo Indireto.

b) NÃO SENDO PRONOMINAL: VTD

2. Eu esqueci os meus documentos.

c) A “COISA” ESQUECIDA É O SUJEITO: VTI

3. Esqueceu-me este acontecimento.


E se fosse a construção assim:

Esqueceu-me DESTE ACONTECIMENTO. ????

Primeiro: o verbo não é pronominal, isto é, o pronome ME é de 1ª pessoa, enquanto o verbo é de 3ª pessoa.

Segundo: “este acontecimento” é a “coisa” esquecida, logo tem de ser SUJEITO.

É o caso do item.

“Também não me esqueceu o que me fez uma tarde.”

Reescrevendo a frase:

“O que me fez uma tarde também não me esqueceu”.

O “o” é SUJEITO do verbo ESQUECER, que é TRANSITIVO INDIRETO.

“Aquilo que me fez uma tarde não esqueceu a mim”.

CONCLUSÃO: não satisfaz a questão.


ITEM C

“Então, Capitu abanava a cabeça (...): mas eu retorquia chamando-lhe maluca.”

O verbo CHAMAR não exige dois complementos, como a questão pede com o verbo INFORMAR.

Nesse item, o verbo é Transitivo Indireto. E “maluca” é o complemento atributivo do objeto. Em outras palavras, é o PREDICATIVO DO OBJETO.

CHAMANDO (VTI) + LHE (OI) + MALUCA (P.O)

Construções possíveis com esse verbo, no sentido de DAR NOME A. Ora é TRANSITIVO DIRETO ora é TRANSITIVO INDIRETO.

1. Chamei-o de doido.
2. Chamei-o doido.
3. Chamei-lhe de doido.
4. Chamei-lhe doido.

CONCLUSÃO: não satisfaz a questão.


ITEM D

“José Dias (...) a quem eu perdoava tudo, o mal que dissera, o mal que fizera (...).”

Ora, quem perdoa perdoa ALGO a ALGUÉM. Isto é, o verbo PERDOAR exige dois complementos verbais.

Veja:

“José Dias (...) a quem eu perdoava tudo,..” A frase é

“Eu perdoava tudo a José Dias”.

Sintaticamente:

EU – SUJEITO
PERDOAVA – VTDI
TUDO – OBJETO DIRETO
A QUEM (referente a José Dias) – OBJETO INDIRETO

CONCLUSÃO: ITEM A MARCAR.


2. Há uma alternativa cujo emprego da crase é obrigatório. Assinale-a.

a) Ao ouvir a música, Clarissa chegou-se até à janela.

b) Eleonora entregou o presente de aniversário à Márcia.

c) Os guardas ficaram à distância de cem metros do local da explosão.

d) Joana, quando voltou à sua residência, na terça-feira, encontrou-a assaltada.


COMENTÁRIO

ITEM A

...Clarissa chegou-se até à janela.

Construções possíveis com ATÉ.

1. Chegou-se ATÉ o parque.
2. Chegou-se ATÉ ao parque.

A presença do artigo na palavra “parque” é facultativa. Logo CRASE FACULTATIVA.

1. Chegou-se ATÉ a janela.
2. Chegou-se ATÉ à janela.

CONCLUSÃO: não marcar.


ITEM B


Eleonora entregou o presente de aniversário à Márcia.

Aprende-se que diante de substantivos próprios femininos é facultativa a CRASE.
Sim, há alguma verdade nisso. Porém, vamos analisar o item.

...entregou o presente À MARCIA.

“Márcia” insere-se na regra, portanto. Por outro lado, a interpretação da frase sugere que “Márcia” é uma pessoa conhecida, íntima do locutor ou de Eleonora. Isso se deve porque existe a presença do artigo em relação ao substantivo. Quando empregamos um artigo a um substantivo próprio, referente a pessoas, indica intimidade.

Confrontando:

a) ...entregou o presente à Márcia (COM INTIMIDADE).
b) ...entregou o presente a Márcia. (SEM INTIMIDADE).

1. O Machado de Assis nasceu em Botafogo. (FRASE INCORRETA)

Será mesmo que o locutor teve intimidade com o famoso autor?

2. Machado de Assis nasceu em Botafogo. (FRASE CORRETA)

Veja esta frase:

3. Lucas, entregue este presente a Denise, minha filha.

A frase está INCORRETA. Ora, DENISE é filha do locutor, logo teria de haver a presença do ARTIGO, consequentemente CRASE.

3.1. Lucas, entregue este presente à Denise, minha filha. (FRASE CORRETA).

Estejamos atentos, portanto.

CONCLUSÃO: não marcar.


ITEM C

Os guardas ficaram à distância de cem metros do local da explosão.

À DISTANCE DE é locução prepositiva feminina, logo CRASE.

Assim como: À PROCURA DE, À FRENTE DE, À ESPERA DE etc.

CONCLUSÃO: ITEM A MARCAR.


ITEM D

Joana, quando voltou à sua residência, na terça-feira, encontrou-a assaltada.

Confrontando:

1. Joana, quando voltou A SEU apartamento...
2. Joana, quando voltou AO SEU apartamento...

Perceba que a presença do artigo é facultativa, logo CRASE FACULTATIVA.

1. Joana, quanto voltou a sua residência...
2. Joana, quando voltou à sua residência...

CONCLUSÃO: não marcar.


3. “(...) o guri curioso que eu era (...)”

O termo sublinhado, na passagem acima, apresenta a função sintática de:

a) sujeito;
b) objeto direto;
c) pronome relativo;
d) predicativo do sujeito;
e) adjunto adverbial de intensidade.


COMENTÁRIO

Será que o QUE é conjunção ou pronome, nesse caso?

Se pronome, substitui um pronome ou um nome ou um grupo nominal.
Se conjunção, não apresenta tais considerações.

O que quando é pronome (relativo) aceita ser trocado por O QUAL, A QUAL, OS QUAIS, AS QUAIS.

Logo:

...o guri curioso O QUAL eu era...

Concluímos que se trata de um pronome. O pronome relativo exerce várias funções numa frase.
Tudo dependerá do ambiente em que ele estiver inserido.

Já que O QUAL substitui o grupo nominal “o guri curioso”, então, em forma mais clara, temos:

...o guri curioso O QUAL (= O GURI CURIOSO) eu era...

Eu era o guri curioso... Aqui, a expressão destacada funciona como PREDICATIVO DO SUJEITO, visto que o verbo SER é de Ligação.

Logo, o QUE é PREDICATIVO DO SUJEITO.

CONCLUSÃO: ITEM D

Por que não é o ITEM C?

Simplesmente porque a questão quer a FUNÇÃO do vocábulo, e não a CLASSE!

Um comentário:

  1. Excelente as explicações.

    Poderia comentar o seguinte exercicio ( TRT 15 - Tec. Jud-Adm. 2009)

    ... que um terço da geração (...) não tem condições de ascensão social.

    A frase em que o verbo exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima é:

    a) ... o que reforça o nexo entre educação de baixíssima qualidade e a escassez de mão de obra qualificada.
    b) Fala-se em futuro...
    c) ...que a educação de massa, no Brasil, já foi pior.
    d) ... que ocorre em tantos outros aspectos da realidade do País...
    e) ... para a qual contribuem professores despreparados e sobrecarregados.

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